Comprometimento cognitivo leve em idosos: entenda!

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Não é incomum — e, a princípio, não precisa ser visto como um sinal de alerta — esquecer-se de pequenas coisas no dia a dia. Afinal, todos nós temos o que chamamos de “memória seletiva”, de modo que a tendência é de que nos lembremos daquilo que consideramos importante.

No entanto, quando os esquecimentos passam a chamar atenção, é altamente recomendável que o indivíduo (especialmente, se na terceira idade) busque um auxílio profissional, já que essas ocorrências podem ser provenientes de um comprometimento cognitivo leve em idosos (CCL).

A condição, que já foi conhecida por variados nomes e, atualmente, é também chamada de declínio cognitivo leve, é uma espécie de déficit de memória não demencial, caracterizado por uma perda discreta e que pode ter causas variadas. Quer entender mais acerca do CCL em idosos e de que maneira é possível instruir os seus pacientes a reduzir os seus efeitos? Continue a leitura!

O que realmente é o Comprometimento Cognitivo Leve em idosos e quais são os seus principais sinais?

Inicialmente, é importante pontuar que o termo “cognitivo” está diretamente associado com o processo de aquisição de conhecimento, envolvendo variados fatores, como a atenção, a percepção, o raciocínio, o pensamento, a linguagem etc. — todos são partes do desenvolvimento intelectual humano. A memória, por sua vez, é o aspecto cognitivo mais popularmente relacionado ao envelhecimento.

Inclusive, estima-se que uma parcela expressiva das pessoas com idade superior a 65 anos já relata alguma queixa relativa à perda de memória. A partir dessa compreensão, torna-se mais fácil entender que o CCL é, em suma, uma perceptível deterioração de, ao menos, um elemento cognitivo.

Nesse contexto, o comprometimento cognitivo leve associa-se a condições patológicas ligadas à evolução do processo normal de envelhecimento, designando, porém, uma condição clínica em que ocorrem progressivas perdas em uma — ou mais de uma — função cognitiva. Um dos marcadores principais dessa transição para quadros tipicamente patológicos é a perda da capacidade de executar atividades com um nível de complexidade maior.

Ou seja, o idoso deixa de conseguir realizar determinadas tarefas, especialmente aquelas que demandam um domínio de cognição maior. Assim, começam também a surgir queixas relativas a dificuldades de concentração e à ausência de percepção sensorial. Um exemplo bastante comum do segundo caso acontece quando a pessoa passa longas horas procurando um objeto, como os óculos, e, posteriormente, percebe que o item estava em seu bolso.

Os sintomas principais

Diante disso, é fundamental que você, como profissional que cuida da saúde mental, mantenha um olhar mais cauteloso aos relatos dos pacientes, mantendo-se atento a determinadas queixas, como:

  • esquecimentos mais frequentes, como de compromissos ou agendamentos;
  • sensação de “se perder” em meio a conversas ou dificuldade de acompanhar o enredo de um filme e/ou a narrativa de um livro;
  • vivência de sintomas tipicamente associados a quadros de ansiedade, apatia e/ou depressão;
  • dificuldade de se localizar facilmente, mesmo em lugares já conhecidos, como shoppings, mercados etc.

Qual é a relação do CCL com outras doenças?

Uma publicação da Revista Médica da USP indicou que a prevalência geral do comprometimento cognitivo leve nos idosos brasileiros é de, aproximadamente, 15% a 20%. Inclusive, o mesmo estudo enfatiza a possibilidade de haver a evolução da condição para a Doença de Alzheimer, com taxas de conversão que variam entre 10% e 40% anualmente.

Nesse sentido, o CCL é considerado uma fase intermediária entre uma degeneração normal e inerente ao envelhecimento humano e o surgimento do Alzheimer, que tem como característica principal a diminuição da memória episódica. Além disso, é importante correlacioná-lo com desordens emocionais, haja vista que os relatos feitos pela maior parte dos idosos acerca de problemas de memória frequentemente estão relacionados a quadros clínicos de ansiedade e de depressão.

Esses transtornos — vale pontuar — têm o potencial de tornar o processo de transição dos eventos fisiológicos senis para a Doença de Alzheimer mais rápido.

Ainda sobre o tema, há que se ressaltar que outras enfermidades também se configuram como consequências ou causas de tais alterações cognitivas. Entre elas, as mais comuns são o AVE (Acidente Vascular Encefálico), problemas metabólicos, como o hipotireoidismo, que desencadeiam desequilíbrios hormonais, o Parkinson e avitaminoses.

Como é possível lidar com a condição e reduzir os seus efeitos?

Até o momento, não há ainda um tratamento específico para o comprometimento cognitivo leve, como a administração de medicamentos. No entanto, há algumas práticas que podem ajudar na redução dos seus efeitos e até na prevenção do problema.

Treinar a memória e estimular novos aprendizados é uma das estratégias para a conservação das funções cerebrais. Sendo assim, é altamente recomendável orientar os seus pacientes idosos a:

  • ler diariamente revistas, jornais e/ou livros, sejam impressos, sejam digitais;
  • iniciar a aprendizagem de um novo idioma, de um instrumento musical ou mesmo de novas receitas gastronômicas — a depender das preferências pessoais;
  • evitar hábitos nocivos, como o consumo de álcool e o tabagismo;
  • buscar ter uma qualidade de sono maior, dormindo de sete a oito horas todos os dias;
  • praticar atividades físicas com mais regularidade;
  • treinar a memória;
  • manter uma alimentação tão saudável e balanceada quanto possível etc.

Como visto, nos casos de declínio cognitivo leve, o paciente apresenta alterações de cognição em menor grau, de modo que não chegam a provocar interferências (ou interferem apenas discretamente) no seu cotidiano. Mas o comprometimento cognitivo leve em idosos pode, sim, evoluir para quadros de demência e, por essa razão, torna-se tão essencial buscar uma avaliação neuropsicológica quando surgirem sinais de alerta. Afinal, a maior parte das patologias, quando diagnosticada precocemente, pode retardar ou evitar agravos.

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