Conheça os 10 princípios da terapia cognitiva segundo Judith Beck

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Você sabia que a terapia cognitiva é uma excelente abordagem da Psicologia? Capaz de auxiliar seus pacientes a lidarem com suas crenças limitantes de forma autônoma, ela é estruturada em 10 princípios desenvolvidos por Judith Beck no seu livro “Terapia Cognitiva: Teoria e Prática”.

Mas como funciona a terapia cognitiva e como ela pode auxiliar você e seus pacientes ao longo dos atendimentos? Como você já deve imaginar, existem muitas técnicas que estruturam o trabalho e promovem uma sessão de qualidade aos clientes. Para que isso seja viável, você precisa seguir algumas bases que fundamentam sua atuação.

Sabendo da importância do tema, nós conversamos com o Maurício Piccoloto, diretor no Cognitivo, para trazer informações aprofundadas sobre os 10 fundamentos que Judith apresenta na sua obra. Acompanhe para saber mais e fortalecer suas formas de atuação!

Quem é Judith Beck?

Antes mesmo de compreender quais são os princípios da terapia cognitiva, você precisa entender quem é a autora desses fundamentos, não é mesmo? Afinal, nós sabemos que sem conhecer a relevância que ela tem na área da terapia cognitivo-comportamental (TCC), fica difícil acreditar na veracidade dessas informações.

Judith Beck, então, nasceu em maio de 1954, nos Estados Unidos. Ao seguir os passos de seu pai, Aaron Beck – o fundador da terapia cognitivo-comportamental – ela optou por continuar a carreira na área da Psicologia. Com forte influência nos Estados Unidos, Judith aprimorou os estudos de Aaron e ampliou sua atuação.

Qual é a importância do livro “Terapia Cognitiva: Teoria e Prática”?

Como comentamos, Judith Beck é uma grande referência na área da terapia cognitivo-comportamental, fazendo com que o livro se torne um excelente manual para quem quer se aprofundar na área. Nesse sentido, o livro “Terapia Cognitiva: Teoria e Prática” é uma base sólida para quem está começando a aprender sobre TCC.

O diretor Maurício Piccoloto explica que o livro abriu caminho para que várias outras publicações fossem realizadas, abrangendo outros temas e ampliando as pesquisas tanto no território nacional quanto em outras regiões, como os Estados Unidos. Por consequência, a obra permitiu que muitos profissionais tivessem acesso ao tema.

Quais são os 10 princípios da terapia cognitivo-comportamental?

No início deste artigo, explicamos que Beck apresenta no seu livro 10 princípios que guiam a terapia cognitiva e auxiliam não só o profissional responsável pelo atendimento, como também o paciente que está realizando a sessão. Mas, afinal, quais são esses fundamentos e por que eles são tão importantes para a Psicologia?

Nos próximos tópicos, você pode conferir todos os princípios e aprofundar seus conhecimentos. Acompanhe!

1. Desenvolver continuamente o paciente

Começamos a lista com um dos princípios mais importantes para Beck e, é claro, o nosso entrevistado: o desenvolvimento contínuo do paciente. A cada sessão, precisamos vê-lo mudando suas formas de pensar e agir com base no que foi trabalhado nos últimos encontros.

Maurício explica que “o paciente reestrutura suas crenças centrais a respeito de si e dos outros. Assim, ele desenvolve uma nova forma de lidar com o seu passado, suas vivências atuais e o seu futuro”. Além disso, é preciso ter em mente que essa mudança ocorre de forma gradativa e respeita o tempo de cada paciente.

2. Montar uma aliança terapêutica segura

Para que o desenvolvimento contínuo seja saudável, você concorda que é necessário existir uma aliança terapêutica segura? Pois é, muitos pacientes não se sentem confiantes em exporem suas inseguranças e crenças para profissionais que não promovem um ambiente confortável, ético e acolhedor.

Como consequência, temos clientes que não compartilham suas dores e desconfortos nas sessões, finalizando a terapia antes mesmo de ela ser eficiente e satisfatória para ambos. Ao questionar Maurício, ele ressalta a ideia de que a relação segura entre o paciente e o terapeuta precisa ser baseada em uma postura ética, de aceitação e validação dos sentimentos do paciente.

3. Colaborar de forma ativa e participativa

Judith traz a colaboração e a participação ativa entre o terapeuta e u paciente como o terceiro princípio da terapia cognitiva. Afinal, a cada sessão o cliente apresenta uma nova informação que precisa ser construída e interpretada junto com o psicólogo a fim de trazer uma resolução.

A partir disso, ambos podem decidir o contrato terapêutico e estipular o número adequado de sessões. Isso oferece mais controle ao cliente ao mesmo tempo que desenvolve sua autonomia e estimula a autoconfiança, essenciais para a mudança de crenças.

4. Orientar a terapia para as metas e problemas

Não é nenhum mistério que as metas auxiliam qualquer pessoa a atingir um novo objetivo, não é mesmo? É a partir dessa perspectiva que o Maurício Piccoloto, nosso entrevistado, trabalha e relaciona o quarto princípio de Beck: ao focar nos aspectos da vida que estão associados ao sofrimento do paciente, fica muito mais fácil montar um diagnóstico qualificado e respeitoso, que realmente o ajude.

Mas isso quer dizer que o foco está no problema, em vez de no cliente e sua singularidade? Na verdade, não. Piccoloto explica: a terapia cognitiva trabalha com a resolução de problemas, direcionando sua atenção para os acontecimentos atrelados aos sofrimentos do paciente a fim de ajudá-lo a encontrar o melhor caminho para encarar seus desafios.

5. Enfatizar o presente

Muitas abordagens psicológicas voltam o seu olhar para o passado. Muitas vezes, essa estratégia pode ser bastante eficiente, mas isso não quer dizer que precisamos abandonar o presente, muito pelo contrário: a terapia cognitiva reforça a ideia de que a compreender que o presente é o único momento que temos para mudar nossos pensamentos e atitudes é fundamental para o desenvolvimento contínuo do cliente.

6. Investir na psicoeducação

A terapia é uma excelente forma de conquistar novos saberes e desenvolver outras formas de ver o mundo, e isso pode ser feito de diversas formas. Para Maurício, a psicoeducação é uma excelente ferramenta que potencializa essa mudança, já que o terapeuta pode fazer indicações de leituras complementares, incluir familiares nas sessões e apresentar um sólido conhecimento de psicopatologia e dos modelos cognitivos.

Nesse sentido, ele explica que um dos aspectos iniciais e fundamentais da terapia, é o desenvolvimento das suas capacidades metacognitivas, isto é, o reconhecimento de seus pensamentos e distorções cognitivas que estão associados aos seus sentimentos e comportamentos. Assim, uma das técnicas que auxiliam essa tomada de consciência é o Registro de Pensamentos Disfuncionais, excelente para a reestruturação cognitiva.

7. Apresentar um tempo limitado

Você sabia que por meio de estatísticas e modelos de sessões é possível determinar o número certo de sessões? Além de facilitar a sua organização e controle, essa estratégia é altamente funcional para o paciente: ele consegue identificar o período destinado à terapia e traçar metas e objetivos a serem alcançados.

Vale lembrar que a limitação de tempo acontece em qualquer atendimento, independentemente da situação apresentada. Isso porque cada caso apresenta suas particularidades, tornando-se passível de determinações temporais.

8. Ter sessões estruturadas

É muito comum ficar confuso quando falamos em sessões estruturadas, mas Maurício explica: “os atendimentos seguem uma estrutura para que o paciente possa entender o processo terapêutico, compreender o seu papel e aproveitar ao máximo o tempo da terapia”. É claro que cabe ressaltar que existe flexibilidade nessa questão, já que a estrutura deve ser seguida naturalmente ao ser assimilada pelo cliente.

9. Estimular o paciente a identificar, avaliar e responder suas crenças disfuncionais

Você já deve ter percebido que a terapia cognitiva auxilia os pacientes a observarem seus próprios sentimentos, não é mesmo? Além disso, ela também precisa estimular a identificação, avaliação e resposta das suas crenças disfuncionais para fortalecer sua autonomia e garantir que ele possa lidar com seus problemas de forma saudável.

10. Utilizar diversas técnicas para transformar o pensamento e comportamento dos pacientes

Para finalizar, Judith aponta o último princípio: utilizar as técnicas da TCC para auxiliar os pacientes a transformarem seus comportamentos e pensamentos. Afinal, o terapeuta apresenta centenas de técnicas que podem ser aplicadas para identificar o problema, traçar uma meta e estabelecer estratégias de enfrentamento e relaxamento.

Ao longo deste artigo, você pôde perceber a importância de conhecer os princípios da terapia cognitiva para ampliar suas formas de atuação e garantir sessões eficientes e saudáveis para os seus pacientes. Lembre-se, no entanto, de realizar uma capacitação na área da terapia cognitivo-comportamental para aprofundar os seus conhecimentos e atuar de forma adequada no consultório, combinado?

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