As características de uma pessoa autista podem variar amplamente, pois o autismo é um espectro, ou seja, cada indivíduo pode apresentar um número maior ou menor de habilidades e sintomas, de forma única.
Algumas características, entretanto, são comuns, como:
- Dificuldade de comunicação (dificuldade em iniciar ou manter conversas e com metáforas, uso de linguagem literal, atraso na fala ou na aquisição da linguagem);
- Alterações nas interações sociais (dificuldade em interagir com amigos, perceber as emoções dos outros, entender as normas sociais, compreender expressões faciais, além da preferência por atividades solitárias e a resistência em participar de brincadeiras em grupo);
- Comportamentos repetitivos (balançar as mãos ou o corpo, rotinas rígidas, interesse intenso por temas específicos com conhecimento profundo sobre esses temas);
- Resistência a mudanças (preferência por rotinas estáveis e previsíveis, reações emocionais diante de alterações inesperadas);
- Sensibilidade sensorial (reação intensa a estímulos que outras pessoas consideram normais, hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais como sons, cheiros, luzes e texturas);
- Habilidades especiais (conhecimento e habilidades diferenciadas em áreas específicas como arte, música, matemática, tecnologia, jogos, idiomas, ciências naturais);
- Algum nível de dificuldade na regulação emocional (crises de ansiedade ou frustração recorrentes).
Essas características podem se apresentar combinadas nas mais diferentes formas e muitas pessoas que pertencem ao espectro autista têm habilidades e talentos únicos que podem ser valorizados e expandidos.
Os dados epidemiológicos mais recentes sobre o Espectro Autista indicam um aumento significativo na prevalência ao longo dos anos. Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) divulgou em 2023 que 1 em cada 36 crianças de 8 anos foi identificada com TEA, correspondendo a 2,8% dessa população. Observa-se também que o autismo é mais comum em meninos, sendo cerca de 3,8 vezes mais frequente do que em meninas. O aumento na prevalência pode estar relacionado a diversos fatores, incluindo maior conscientização, aprimoramento dos critérios diagnósticos e ampliação do acesso aos serviços de saúde.
As causas do Espectro Autista são complexas e ainda não totalmente compreendidas. Os estudos sugerem uma combinação de fatores genéticos (o autismo tende a ocorrer com mais frequência em algumas famílias e pesquisas indicam que variações genéticas associadas ao autismo podem modificar a atividade cerebral e a comunicação entre os neurônios); e ambientais (idade avançada dos pais no momento da concepção, exposição durante a gravidez a infecções ou substâncias químicas). Esses dados não são conclusivos e o autismo é considerado um quadro multifatorial, com vários aspectos interagindo de forma complexa para o seu desenvolvimento. As pesquisas continuam evoluindo, em busca de um maior entendimento das suas causas.
Existem três níveis de intensidade do espectro autista:
- O nível 1, de intensidade leve, necessita de um suporte mais sutil nas atividades diárias e as pessoas estudam e trabalham com pequenas adaptações.
- O nível 2 exige um suporte substancial para as atividades diárias, como no ambiente escolar, pois apresenta dificuldades mais evidentes.
- Já o nível 3 necessita de um suporte muito substancial, com supervisão e apoio constantes para as atividades rotineiras.
É importante destacar que esses níveis podem mudar ao longo da vida, com evoluções positivas mediadas por intervenções como terapias, apoio educacional e social.
A terapêutica do espectro autista é multidisciplinar e individualizada, direcionada para as particularidades de cada indivíduo e focada no desenvolvimento de habilidades, na qualidade de vida e no aprimoramento dos pontos fortes.
Entre as abordagens indicadas e com evidências de benefícios estão:
- a terapia cognitivo-comportamental,
- o treinamento de habilidades sociais,
- a terapia fonoaudiológica,
- a terapia ocupacional com integração sensorial
- e as intervenções no ambiente educacional,
além da abordagem médico/farmacológica voltada para amenização de alguns dos sintomas como alterações do sono, hiperatividade e ansiedade.
Algumas intervenções complementares como musicoterapia, arteterapia e equoterapia também estão associadas a melhora no desenvolvimento motor, sensorial, emocional e na comunicação social.
“Cada pessoa no espectro autista tem um mundo único dentro de si — quando oferecemos compreensão e apoio, abrimos portas para que esse mundo brilhe com todo o seu potencial.”