Como aliviar a depressão e a ansiedade em jovens depois da pandemia?

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Vivenciamos um período histórico e extremamente delicado — que, a bem da verdade, ainda não foi superado por completo. Além disso, não há dúvidas de que o cenário enfrentado por todos nós gerou os mais diversos impactos não apenas sobre o nosso cotidiano, mas sobre a nossa saúde, especialmente a mental.

Contudo, embora as transformações tenham sido as mais diversas e atingido cada um de nós, mesmo que de formas distintas, alguns grupos certamente foram mais afetados do que outros. Inclusive, os dados levantados por uma pesquisa da Universidade de Calgary, no Canadá, apenas reforçam essa tese. O estudo estima que um em cada quatro jovens apresenta sintomas elevados de depressão e que um em cada cinco exibe sintomas de ansiedade — ambos associados à pandemia do novo coronavírus.

Diante desse quadro atual e das semelhantes conclusões às quais chegaram outras pesquisas, torna-se fundamental debater algumas questões relacionadas à depressão e à ansiedade em jovens. Por isso, neste texto, abordaremos os principais sinais aos quais é preciso estar alerta, por que é necessário se preparar para conduzir o tratamento dessa parcela da população — que tem as suas peculiaridades — e mais. Boa leitura!

Quais são os principais sintomas que podem indicar quadros de depressão e ansiedade em jovens?

É sabido que a fase da adolescência, por si só, já é uma etapa da vida mais difícil, tanto para os pais e/ou responsáveis quanto para os próprios jovens, que lidam com crises emocionais, oscilações de humor, pressões sociais etc. Entretanto, quando estamos diante de um quadro clínico de depressão e/ou de ansiedade, há alguns sinais que indicam que existe “algo a mais” além das turbulências inerentes a essa etapa.

Em se tratando da depressão, por exemplo, alguns sintomas que podem ser observados são:

  • ausência de motivação e de energia;
  • redução do desempenho escolar;
  • baixa autoestima;
  • hipersônia ou insônia;
  • isolamento/afastamento de atividades e interações sociais;
  • diminuição ou aumento expressivos do apetite;
  • ganho ou perda significativos de peso etc.

Por outro lado, quando há suspeita de um quadro clínico de ansiedade, comumente, alguns dos sinais de alerta são:

  • sensação de falta de ar;
  • perdas de memória e desatenção;
  • ausência de interesse em atividades que eram consideradas prazerosas;
  • apreensão exagerada em relação ao futuro;
  • dores nos músculos sem uma motivação aparente etc.

Quais, provavelmente, são as principais razões para o desenvolvimento desses distúrbios nos jovens?

Como dito na introdução deste post, o inesperado surgimento da pandemia do novo coronavírus — e a rápida disseminação da doença, demandando a necessidade de uma célere adoção de uma série de medidas preventivas na tentativa de contê-la — impactou o dia a dia de todos. A verdade é que dificilmente alguém saiu “ileso”.

No entanto, há que se ter em mente que, diferentemente de boa parte dos adultos, os jovens ainda estão atravessando uma etapa de amadurecimento e, por vezes, lidar com um turbilhão de mudanças inesperadas e sentimentos jamais experimentados pode representar um enorme desafio. Nos adolescentes, é incontestável que a depressão e a ansiedade se tornam transtornos significativamente mais complexos, afinal, essa é a fase em que eles constroem a própria identidade e têm a chance de conviver com os pares.

No entanto, o surgimento da COVID-19 “roubou” deles essas oportunidades. Nesse sentido, a ausência de convívio social, a limitação das atividades — antes cotidianas —, a elevação do estresse no seio familiar e um sem-número de outros aspectos, com certeza, são alguns dos fatores determinantes para os quadros de depressão e ansiedade em jovens.

Como conduzir o tratamento nesses casos?

Inicialmente, é imperativo que os psicólogos tenham a sensibilidade de compreender que, no caso dos jovens, o tratamento demanda uma cautela maior. Não é incomum, por exemplo, que os adolescentes, ainda que estejam conscientes da necessidade de buscar ajuda, não saibam bem como fazê-lo ou mesmo de que maneira exteriorizar o que sentem.

Por essa razão, o profissional precisa ter um olhar atento para “ler os pacientes” nas entrelinhas — os gestos, as expressões, o olhar etc. Além disso, individualização é a palavra de ordem (ainda que esse aspecto seja altamente recomendável independentemente da faixa etária), afinal, não necessariamente todos os indivíduos entre 12 e 18 anos responderão de forma semelhante às sessões.

No entanto, independentemente do quadro, algumas orientações podem ser de grande auxílio para combater distúrbios ligados à depressão e à ansiedade em jovens, atenuando os sintomas, como:

  • incentivar a prática de atividades físicas;
  • estimular a adoção de uma dieta saudável;
  • incentivar a busca de hobbies e atividades prazerosas;
  • estimular a manutenção de uma rotina regular etc.

Como visto, mais do que nunca, é necessário, como psicólogo, estar preparado para conduzir tratamentos de quadros de depressão e ansiedade em jovens, já que o número de transtornos apresentados por essa parcela da população aumentou expressivamente. Contudo, tão fundamental quanto se especializar nas abordagens mais adequadas é orientar a família dos adolescentes acerca da importância de apoiá-los durante o processo. Esse suporte é imprescindível para o alcance de melhores resultados.

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