A depressão pós-parto é um assunto que ainda precisa ser muito explorado em nossa sociedade. Isso porque, segundo uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), uma em cada quatro puérperas são acometidas por essa condição.
Esse resultado representa uma parcela grande de mães que atravessam um adoecimento mental grave pouco depois de darem à luz a seus filhos. Em muitos casos, elas passam por tudo sozinhas, com medo do julgamento imposto por uma cultura que romantiza a maternidade.
Contudo, afinal, como identificar uma situação de depressão pós-parto? Vamos sanar essa e outras dúvidas, além de esclarecer todos os detalhes sobre o assunto. Confira!
O que é a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é uma condição mental grave que acomete algumas mulheres na fase do puerpério. O puerpério é o período após a gestação, pouco depois do nascimento da criança, e traz consigo uma série de mudanças, tanto físicas quanto mentais.
Nessa fase, a mulher precisa se adaptar à sua nova realidade de vida ao mesmo tempo em que cuida do seu bebê. Apesar da beleza inegável da maternidade, ela não vem sozinha: existe um lado menos glamoroso por trás do milagre da vida.
São noites de sono maldormidas, inseguranças quanto aos cuidados com uma criança, medo das responsabilidades e de não “dar conta” delas, uma pressão constante para ser uma mãe perfeita etc. É diante desse cenário que a depressão pós-parto pode aparecer.
Quais são as diferenças entre o baby blues e a depressão pós-parto?
O baby blues representa a alteração de humor constante que uma puérpera pode sentir após o nascimento do seu filho. Ou seja, ora está feliz, ora está triste ou sentindo-se culpada, ou, ainda, com medo de não ser uma boa mãe. Esses sentimentos são normais — por conta das mudanças —, mas tendem a melhorar com o tempo.
Já no caso da depressão pós-parto, a mulher sente, na maior parte do tempo, uma tristeza inexplicável, ou uma irritação intensa, das quais não consegue se desfazer naturalmente. Em alguns casos, a mãe pode não conseguir manter contato com a criança. Em outros, pode até cuidar do bebê, porém de uma maneira automática. Nessa última situação, notar o problema exige uma percepção mais apurada.
Como identificar a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é caracterizada como uma condição de adoecimento mental, vinculada ao transtorno depressivo maior. Portanto, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM- 5), alguns dos sintomas são:
- humor deprimido, triste e/ou irritável quase todos os dias e durante quase todo o tempo;
- alterações somáticas (na percepção) e cognitivas (no pensamento);
- perda de interesse em atividades antes prazerosas (anedonia) e nas demais tarefas do dia a dia;
- alterações no sono (insônia ou sono excessivo);
- fadiga permanente e pouca energia para as ações cotidianas;
- pensamentos relacionados à morte — ideação suicida, sentimento de inutilidade e desejo ou medo de morrer.
No caso específico da depressão pós-parto, outros aspectos também importantes para a avaliação referem-se aos cuidados que a puérpera está dirigindo ao seu filho — como cuidados excessivos ou precários. O comportamento choroso ou as falas culposas também podem indicar que algo não está bem.
Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?
Em geral, a investigação é feita com base em vários fatores: análise clínica do relato, histórico familiar e vida pregressa da puérpera. Exames de sangue e neurológicos também podem ser solicitados.
Cada caso é único e o psiquiatra é o profissional mais indicado para diagnosticar e orientar o melhor tratamento. Dentre as possibilidades, estão o tratamento medicamentoso — que, em algumas situações, será essencial para a regulação do organismo — e a psicoterapia, por meio da terapia cognitivo-comportamental.
A psicoterapia para a depressão pós-parto, independentemente da necessidade ou não do uso de medicamentos, é uma ferramenta eficaz para ajudar nesse momento tão complexo. Seja qual for o tratamento indicado, contudo, essa condição de saúde mental precisa ser levada a sério, pois negligenciá-la pode resultar em situações graves tanto para a mãe quanto para o bebê em desenvolvimento.
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