Quais as diferenças entre Psicoterapia Sistêmica e TCC?

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A vida moderna pode ser bem estressante, independentemente do estilo de vida. Isso aumenta consideravelmente o número de dificuldades psicológicas de um indivíduo e a necessidade de profissionais preparados para tratar problemas nesse âmbito. Vários transtornos, como anorexia, depressão e ansiedade tendem a afetar as relações interpessoais com bastante frequência. Diante disso, é cada vez mais importante buscar formas de tratamento, como, por exemplo, a Psicoterapia Sistêmica.

Essa é uma linha de tratamento bem disseminada e que acrescenta bastante à sua atuação. Seja como área de especialização ou apenas como curiosidade, aprender um pouco mais sobre esse caminho é um bom adicional para seu repertório como psicólogo clínico.

Devido a alguns diálogos em suas teorias, a Psicoterapia Sistêmica pode ser confundida um pouco com a abordagem da terapia cognitivo-comportamental (TCC). Porém, não se engane, pois ambas seguem procedimentos e técnicas diferentes. Se você quer entender melhor a diferença entre as duas linhas, acompanhe e tire suas dúvidas agora mesmo.

Como funciona a Psicoterapia Sistêmica?

Você já deve ter ouvido falar do ditado “nenhuma pessoa é uma ilha”. Essa é uma das frases mais ouvidas enquanto você aprende sobre essa linha psicoterápica.

Basicamente, a teoria sistêmica parte da ideia de que o ser humano é um ser social e não é capaz de existir em isolamento. Considerando essa premissa, o psicólogo pode entender melhor os problemas e as dificuldades pelos quais uma pessoa passa a partir de uma análise de suas relações interpessoais, incluindo família, amigos, colegas de trabalho e até estranhos.

Ela se originou principalmente no trabalho de Ludwig von Bertalanffy, que desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas em 1968, que não foi imediatamente aplicada à clínica, mas aos poucos foi adaptada para esse meio. E, ao longo das décadas, também foi se integrando a várias outras disciplinas, até formar a psicoterapia que conhecemos hoje — bem diversa em sua forma de aplicação. Por isso ela dialoga tanto com outras áreas, como a terapia do esquema.

A forma mais fácil de entender a teoria dos sistemas na clínica é por meio dos níveis de comunicação. Primeiro, toda e qualquer ação comunica algo, inclusive a não ação. Segundo, há dois níveis de comunicação: o de conteúdo e o relacional.

Para a Psicoterapia Sistêmica, os transtornos mentais ocorrem principalmente devido a paradoxos e contradições entre essas duas formas de comunicação. Quando as informações de ambos os níveis de conteúdo se contradizem, ocorre uma mensagem conflitante, o que leva à confusão e a dificuldades emocionais. Essas se manifestam na forma como o sujeito se relaciona com outras pessoas e consigo mesmo.

Junto a isso, também são desenvolvidas regras que regulam sua interação com o mundo. Elas estão divididas em:

  • conhecidas;
  • simétricas;
  • secretas;
  • metarregras.

E algumas dessas regras podem se originar a partir de um desses paradoxos, criando um comportamento indesejado.

Durante o tratamento, o terapeuta ajuda o paciente a identificar essas contradições e como elas afetam seu comportamento. E isso é feito por meio de uma análise de suas relações interpessoais. Com o tempo, é possível mudar essas regras e criar um sistema que funcione de forma mais saudável.

Quais são as diferenças conceituais e práticas entre ela e a TCC?

Como mencionamos no início, há várias semelhanças entre a TCC e a abordagem da Psicoterapia Sistêmica, mas também há várias diferenças que as colocam claramente em categorias distintas.

Primeiramente, o embasamento teórico da TCC vem principalmente do behaviorismo radical, proposto por B. F. Skinner. Basicamente, ele parte da ideia de que não é possível acessar qualquer processo inconsciente, mesmo com os métodos da psicologia. Sendo assim, ele se concentra no comportamento visível como foco de mudanças.

Uma estrutura semelhante entre os dois é também o sistema de regras e o de crenças. Na TCC, o indivíduo é definido como tendo crenças centrais, intermediárias e pensamentos automáticos. Cada um atua em um nível de pensamento, assim como as regras da teoria sistêmica, mas com propósitos diferentes. Também acredita-se que, devido a interconexões no feedback de pensamentos, todos esses níveis de pensamento e as ações observáveis se retroalimentam mutuamente.

O tratamento cognitivo-comportamental consiste em identificar essas crenças e pensamentos automáticos, usando esse conhecimento para promover mudanças no comportamento consciente do paciente. Essas mudanças, por sua vez, ajudam a promover mudanças em seus pensamentos automáticos e em suas crenças, contribuindo com a desconstrução de crenças centrais nocivas ao indivíduo.

Algo importante a destacar é que, na TCC, o tratamento é focado principalmente em como as ações e fatos se refletem no emocional do indivíduo, não os fatos em si. Afinal, cada indivíduo percebe suas relações com o mundo e com as outras pessoas de maneiras diferentes.

Quando a Psicoterapia Sistêmica ajuda o paciente?

Cada abordagem tem suas vantagens e desvantagens, sendo que seu sucesso depende principalmente da afinidade do paciente com o método e da capacidade do profissional. A Psicoterapia Sistêmica, por exemplo, oferece alguns recursos que contribuem com a solução de questões específicas. Entre elas, podemos destacar:

Problemas de convivência

Um indivíduo que tenha dificuldades para lidar com outras pessoas, sempre provocando ou sendo alvo de brigas, quase sempre apresenta algum quadro psicológico que pode ser tratado. Mesmo que não seja um transtorno clínico em si, ainda é melhor buscar auxílio do que deixar essas relações negativas persistirem.

Dificuldades para tomar decisões

Outra questão importante para muitos indivíduos que buscam a Psicoterapia Sistêmica é conseguir tomar decisões importantes. Aqueles que têm dificuldades nesse ponto podem ter várias outras complicações, especialmente em questão de autonomia. Sendo assim, o tratamento é muito importante.

Problemas de autoimagem e autoestima

Por fim, a autoestima é um fator bem difícil de tratar, especialmente se certas distorções já estão muito enraizadas no indivíduo. Quebrar essas ideias e alterar as regras que levam à formação dessas opiniões é fundamental para o desenvolvimento saudável de um indivíduo.

Agora que você entende um pouco melhor sobre a Psicoterapia Sistêmica e como ela se diferencia da terapia cognitivo-comportamental, pode escolher qual das teorias deseja aplicar e como elas podem acrescentar ao seu trabalho como psicólogo.

Quer mais informações sobre essas linhas de tratamento e como elas são aplicadas? Então veja aqui nosso artigo com os princípios da terapia cognitiva, segundo Judith Beck e entenda um pouco mais sobre o tema.

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