O tratamento de dependência química tende a ser um grande desafio para os profissionais da Psicologia, sobretudo os recém-formados. Afinal, como é possível realizar uma terapia eficiente para evitar o uso prejudicial de substâncias psicoativas a fim de promover mais qualidade de vida para os pacientes?
Para responder essa pergunta, precisamos compreender como acontece a terapia cognitivo-comportamental para dependência química. Isso porque essa abordagem é altamente eficaz para trabalhar vícios, crenças limitantes e comportamentos disfuncionais associados ao uso de substâncias.
Com esse objetivo em mente, nós conversamos com a psicóloga, professora e supervisora dos cursos do Cognitivo, Luciane Piccoloto, para aprofundarmos o nosso conhecimento na área. Continue lendo para saber mais!
O que é dependência química?
Começamos o nosso post com uma pergunta simples, mas que envolve uma resposta de alta complexidade: afinal, o que é a dependência química? Para conseguir um retorno satisfatório, é fundamental determinar qual abordagem estamos utilizando para estabelecer suas características.
Para a terapia cognitivo-comportamental, a dependência química nada mais é do que uma patologia pautada pela relação que o paciente apresenta com as formas de consumo de determinada substância, desde a cafeína até as drogas pesadas. Assim, podemos dizer que o foco do trabalho psicológico está justamente nessa relação estabelecida.
Em outras palavras, é fundamental compreender o que motivou o indivíduo a desenvolver a dependência, analisando tanto as questões cognitivas quanto as psicológicas, emocionais, sociais e biológicas. Além disso, é preciso analisar os níveis de tolerância apresentados, a idade do paciente e os sintomas característicos do quadro.
Quais são os graus de dependência?
No último tópico explicamos que a dependência química é gerada a partir das relações que o paciente estabelece com as substâncias. A partir dessa perspectiva, é possível entender os motivos pelos quais existem diversos níveis de dependência, já que cada indivíduo cria uma relação diferente com uma ou mais drogas.
Mas, afinal, quais são esses graus? Luciane Piccoloto explica que o manual de diagnósticos, chamado DSM-5, deve servir como base para o desenvolvimento da sua intervenção. Dessa maneira, ele estabelece os critérios de diagnóstico de acordo com cada substância, considerando o nível de intoxicação, a forma de uso e a dependência do paciente.
É importante ter em mente, entretanto, que o DSM-5 é responsável somente pela classificação dos transtornos, isto é, não oferece um guia de tratamento. Portanto, é fundamental utilizá-lo como uma ferramenta auxiliar de trabalho, garantindo uma argumentação válida para o desenvolvimento de intervenções coerentes com o diagnóstico, combinado?
Além disso, vale lembrar que a dependência química não se limita somente às substâncias ilícitas. Em outras palavras, o álcool, o tabaco e a cafeína, por exemplo, são drogas listadas pelo DSM-5 e, então, tem o seu uso abusivo caracterizado como dependência química, ainda que em graus distintos.
Como é o tratamento com terapia cognitivo-comportamental para dependência química?
Ao conversar com Luciane Piccoloto, a psicóloga explicou que o tratamento com terapia cognitivo-comportamental para dependência química é amplo e apresenta diversos modelos. Isso traz excelentes resultados para a terapia, visto que o profissional apresenta diversas ferramentas que podem ser utilizadas ao mesmo tempo que o paciente recebe um acolhimento especializado.
Dessa maneira, a TCC apresenta diversos modelos de tratamento que dependem da fase que o paciente apresenta. Assim, as formas de manejo de indivíduos que demonstram quadros de abstinência ou de recaídas deverão ser diferentes, já que as motivações para o uso são distintas, bem como seus sintomas.
Você deve estar se perguntando: “então, como é possível desenvolver um bom trabalho personalizado?”. Na verdade, Piccoloto explica que uma das primeiras atitudes que devem ser tomadas pelos psicólogos é investigar o tipo de dependência que o paciente apresenta, desenvolvendo um modelo de entrevista motivacional.
Isso porque o uso exacerbado de substâncias nada mais é do que um comportamento disfuncional que pode ser modificado a partir de técnicas claras e de um acolhimento qualificado. Então, a partir da entrevista motivacional, é possível potencializar as competências do indivíduo a fim de trabalhar suas resistências e ambivalências.
Afinal, existe uma postura dialética no consumo de drogas: ao mesmo tempo que traz prazer, também traz consequências negativas. É por isso que a entrevista motivacional é uma excelente ferramenta para iniciar o seu trabalho, já que você poderá identificar qual é o nível de engajamento que o indivíduo apresenta para que ele seja motivado a iniciar ou continuar a sua mudança biopsicossocial.
Para facilitar a compreensão, listamos de forma simples as principais estratégias utilizadas para os casos clínicos mais comuns. Lembre-se, no entanto, de que todas as ferramentas precisam ser ajustadas para o quadro de cada paciente. Confira:
- pacientes com resistência à mudança: é fundamental acolher a ambivalência de forma não confrontativa, acompanhando o processo e motivando a mudança;
- pacientes com objetivos bem estabelecidos: para aqueles que escolheram parar totalmente com o uso, é importante, além de acompanhar o processo, identificar os sinais de abstinência e trabalhar com a prevenção à recaída.
- pacientes em abstinência: assim como o anterior, é fundamental criar estratégias para evitar as recaídas por meio do desenvolvimento de estratégias comportamentais, cognitivas e internas para que ele aprenda a lidar com esse problema.
De forma geral, potencializamos a reorganização da vida a partir do momento que a barreira da ambivalência e da resistência foram superadas. Assim, é possível evidenciar novas oportunidades de reinserção no mercado de trabalho e a melhora nos relacionamentos, por exemplo.
Quais são os resultados obtidos?
Não poderíamos deixar de falar sobre os resultados conquistados com a terapia cognitivo-comportamental no tratamento de dependência química, você concorda? Um dos primeiros aspectos — e talvez o mais importante — que garante a eficácia da TCC é a personalização do acolhimento.
Como explicamos, cada técnica é destinada a um tipo de caso, seja de abstinência, seja de resistência. Isso faz com que a sessão aconteça a partir da demanda do indivíduo, considerando o exato momento que ele se encontra para abordar suas crenças, comportamentos e atitudes.
Por consequência, temos excelentes resultados na clínica. Todavia, Luciane aponta um aspecto importante que precisa estar na mente de todos os psicólogos: o tratamento de dependência química é um desafio. Ao mesmo tempo que os pacientes podem ser grandes melhoras, as recaídas podem aparecer e prejudicar a sua evolução.
Por isso, o acompanhamento e o trabalho com a motivação do indivíduo são dois pilares indispensáveis e que devem orientar toda a sua estratégia interventiva. Assim, tanto você quanto o paciente conseguem lidar com os sucessos e fracassos que esse processo de mudança apresenta.
Qual a importância da especialização?
Até aqui, explicamos que a terapia cognitivo-comportamental é uma excelente abordagem para lidar com casos de dependência química. Então, o que é preciso fazer enquanto profissional da área da saúde para promover um bom atendimento? O primeiro passo é, sem dúvidas, investir em uma especialização.
Isso porque sem uma base teórica consolidada, as intervenções se tornam mais complexas e a probabilidade de frustrações é aumentada, visto que é possível que você cometa mais erros ao longo dos atendimentos. Além disso, é por meio da especialização que você se familiariza com o DSM-5 e as melhores técnicas diagnósticas.
E mais, Luciane conta que mesmo que você não atue em clínicas especializadas em atendimentos com quadros de dependência, ter conhecimento sobre as melhores intervenções na área é um diferencial no mercado atual, considerando que existem muitos casos que abuso de substâncias lícitas, como álcool, tabaco e fármacos prescritos.
Para realizar uma boa especialização é necessário, então, escolher uma instituição de ensino de qualidade que ofereça um conhecimento diferenciado. O Cognitivo, por exemplo, oferece cursos de pós-graduação há mais de 20 anos, garantindo um conteúdo programático abrangente que assegura um conhecimento profundo sobre a prática clínica e as estratégias de intervenção a partir da TCC.
O uso da terapia cognitivo-comportamental para dependência química apresenta excelentes resultados, garantindo um atendimento personalizado e voltado para as reais necessidades dos seus pacientes. Para garantir que as sessões tragam boas respostas, é fundamental investir em uma especialização para fortalecer a sua fundamentação teórica e treinar suas habilidades práticas.
E então, gostou do nosso post? Se você deseja conhecer mais sobre o trabalho do Cognitivo, não hesite em entrar em contato conosco para tirar todas as suas dúvidas!