Como funciona a terapia para síndrome de Asperger?

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A Síndrome de Asperger pode ser definida como um transtorno de ordem neurobiológica, que se enquadra na categoria de “transtornos do neurodesenvolvimento” — conforme o DSM-V, ou Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. De forma geral, a condição tem o potencial de afetar a percepção das pessoas quanto ao mundo ao seu redor e a maneira como elas interagem umas com as outras.

Ou seja, pode-se dizer que os indivíduos com Asperger ouvem, veem e sentem o mundo de uma forma diferente dos demais. Mas a síndrome, que faz parte do espectro autista, envolve características distintas, pois, ainda que possa haver alguma dificuldade para estabelecer interações e relacionamentos com os outros, via de regra, inexiste qualquer alteração na capacidade de aprendizagem. Na verdade, pelo contrário, o aprendizado pode se revelar acima da média.

Gostaria de se aprofundar mais no quadro e descobrir como funciona a terapia para Síndrome de Asperger? Então, continue a leitura e fique por dentro!

Quais são os sintomas mais comuns da Síndrome de Asperger?

Antes de tudo, é essencial destacar que o nível de intensidade dos sintomas apresentados pelas pessoas com Asperger — as crianças, em especial — pode sofrer uma grande variação, o que torna os casos “menos aparentes” de mais difícil identificação. Inclusive, é por essa razão que muitos indivíduos só descobrem o quadro clínico durante a vida adulta, quando costumam apresentar episódios recorrentes e de maior gravidade de ansiedade ou depressão.

Em geral, ao lidar com pacientes nos quais essas condições são notórias, é interessante cogitar a Síndrome de Asperger quando há presença de determinados sinais mais característicos. A seguir, elencamos alguns dos principais.

Dificuldade de compreensão da existência de regras

É bastante comum, principalmente em crianças, que se observe alguma resistência à aceitação do senso comum e/ou ao respeito a regras, mesmo que simples, como esperar a sua vez em uma fila ou o seu momento de falar durante um diálogo. Esse é um dos fatores que até mesmo acabam tornando a interação social mais difícil com o passar dos anos.

Ausência de atrasos no desenvolvimento, na linguagem ou na inteligência

Via de regra, as crianças com Asperger apresentam um desenvolvimento completamente normal, dispensando um período de tempo maior para aprenderem a escrever e/ou falar, por exemplo. Além disso, como dito, é bastante usual que o nível de inteligência observado seja acima da média — ou, ao menos, igualmente normal.

Alta sensibilidade a estímulos

As pessoas com a síndrome normalmente têm os seus sentidos altamente intensificados. Dessa maneira, é natural que elas reajam de modo exagerado a alguns estímulos, como texturas, sons e/ou luzes. Entretanto, é interessante pontuar que, em sentido oposto, há casos de indivíduos com Asperger que parecem ter os seus sentidos menos desenvolvidos em comparação ao que se considera “normal”. Nesse caso, isso pode, inclusive, agravar a sua menor capacidade de estabelecer uma relação com o mundo à sua volta.

No entanto, como geralmente é feito o diagnóstico da síndrome?

O diagnóstico, resumidamente, é a identificação “formal” da Síndrome de Asperger. Usualmente, ele é feito por um time de diagnóstico multidisciplinar — que, comumente, abrange psicólogos, psiquiatras, pediatras e fonoaudiólogos. Em se tratando de crianças, o mais recomendável é que os responsáveis as levem a uma consulta com um profissional da área médica imediatamente após observarem sintomas indicativos da condição.

Durante o atendimento, provavelmente o médico fará avaliações psicológicas e físicas a fim de entender a origem dos comportamentos apresentados. Assim, será viável confirmar ou descartar o diagnóstico de Asperger.

Independentemente do contexto, porém, o ideal é buscá-lo o mais rápido possível, pois quanto antes a síndrome for identificada e as intervenções forem iniciadas, melhor será a qualidade de vida do indivíduo e mais fácil também será a sua capacidade de adaptação ao meio. Embora, como já brevemente mencionado, o Asperger varie muito de pessoa para pessoa — o que acaba por tornar mais difícil o diagnóstico em muitos casos —, obtê-lo significa tornar o suporte ideal acessível.

Além disso, a sua importância também é incontestável porque, a partir dele, familiares, empregadores, parceiros e demais colegas passam a compreender melhor algumas dificuldades dos indivíduos com a condição.

Como é feito o tratamento e qual é o benefício da terapia para a Síndrome de Asperger?

Ainda que não exista uma “cura” — mesmo porque o quadro não é considerado uma doença —, há um sem-número de abordagens e estratégias que podem ser extremamente úteis para viabilizar uma qualidade de vida melhor. Nesse sentido, o tratamento para a Síndrome de Asperger visa promover uma sensação de bem-estar maior por meio de terapias que, ao longo do tempo, complementam-se, como o acompanhamento psicológico, a administração medicamentosa (como ansiolíticos e antidepressivos) e as sessões de fonoaudiologia.

No entanto, em se tratando mais especificamente de crianças mais velhas e de indivíduos na fase adulta, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) se revela altamente benéfica. Isso porque ela auxilia o paciente a ter um controle maior sobre as próprias emoções e sobre os seus pensamentos, além de ajudar a manter um melhor domínio dos comportamentos repetitivos. Ademais, a TCC pode ser uma grande aliada para as pessoas com Asperger que têm dificuldades em conter obsessões, colapsos nervosos e desconfortos.

Por fim, é importante enfatizar que inexiste a possibilidade de prevenir a Síndrome de Asperger, até mesmo porque as suas causas não são conhecidas. Entretanto, o que é verdadeiramente fundamental, como profissional da área da Psicologia, é estar apto a identificá-la o mais brevemente possível com o emprego dos meios corretos. Ademais, é claro, é imperativo não permitir que ocorra um agravamento dos sintomas da condição.

Por isso, durante as sessões com os pacientes diagnosticados, mantenha sempre um olhar extremamente atento, a fim de observar rapidamente eventuais indicativos de pioras.

Agora que você entendeu mais a fundo as peculiaridades do transtorno neurobiológico e a importância da terapia para Síndrome de Asperger, especialmente a TCC, é válido buscar se especializar para se tornar capacitado a tratar adequadamente esses pacientes. Para tanto, vale a pena buscar uma instituição especializada e que ofereça formação em terapia cognitivo-comportamental.

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