O que é transtorno somatoforme e quais são os principais tipos?

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Conhecer os diferentes transtornos psicológicos é fundamental para ter uma boa atuação na clínica. Afinal, muitos pacientes podem aparecer com queixas e sintomas que indicam o desenvolvimento de alguma psicopatologia, sendo necessário realizar um diagnóstico multidisciplinar fidedigno para iniciar uma terapia de qualidade.

Um diagnóstico comum é do transtorno somatoforme, você o conhece? Muito parecido com as psicopatologias somáticas, ele representa diferentes sintomas físicos e emocionais que acometem o paciente.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre as psicopatologias, desenvolvemos este conteúdo com as principais informações sobre o transtorno somatoforme para você realizar excelentes atendimentos clínicos. Confira!

O que é transtorno somatoforme?

Os transtornos psicológicos estão descritos em um manual que guia o diagnóstico dos profissionais da saúde: DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). No manual, o transtorno somatoforme é definido como o aparecimento de sintomas físicos sem uma base médica contestável.

Em outras palavras, ele nada mais é do que a sensação de diversos sinais físicos, como acidez no estômago ou coceiras no corpo, mas sem a presença de uma condição médica que explica o sintoma. Nesse sentido, não há como fechar um diagnóstico médico, já que não existe uma origem orgânica do problema.

Como você deve imaginar, são os pensamentos automáticos, as crenças disfuncionais e o sistema de esquemas do paciente que geram os sintomas físicos como forma de expressar que algo não está acontecendo de forma saudável na vida dele. Via de regra, há relatos constantes que indicam a presença do transtorno:

  • percepção dos sintomas como o epicentro da própria vida;
  • preocupação desproporcional em relação aos sintomas;
  • angústia frequente, sobretudo associada à saúde física;
  • pensamentos catastróficos e outras distorções cognitivas;
  • investimento de tempo e energia nos sinais físicos do transtorno, buscando sempre um diagnóstico médico que aparece como inconclusivo.

Qual é a diferença entre transtorno somatoforme e somatização?

Você deve estar pensando: então, o transtorno somatoforme é a mesma coisa que a somatização, certo? Na verdade, embora tenham sintomas muito parecidos, os dois acontecimentos têm origens e bases diferentes dentro dos estudos da Psicologia e da Psiquiatria.

No tópico anterior explicamos que o transtorno somatoforme não apresenta nenhuma origem orgânica, isto é, é impossível ter um diagnóstico médico finalizado. Isso acontece porque a patologia orgânica não é real, os sintomas são gerados pela própria angústia, pensamentos automáticos e crenças do paciente.

Nesse sentido, é comum encontrar pessoas que trazem um histórico de busca médica por alguma explicação, associado à frustração de não ter encontrado nenhum diagnóstico para os seus sintomas físicos, até recorrerem à psicoterapia.

Por outro lado, a somatização é uma associação entre sintomas físicos e emocionais, apresentando uma patologia orgânica. Ou seja: os transtornos psicossomáticos geram um dano no sistema fisiológico da pessoa, como a gastrite, sendo possível criar um diagnóstico médico finalizado.

É por isso que muitas vezes os pacientes com transtornos psicossomáticos não buscam a psicoterapia, já que é possível identificar a origem orgânica do problema antes mesmo de pensar que os sintomas, na verdade, surgem de movimentos psíquicos como estresse, ansiedade e depressão.

Quais são os tipos de transtornos somatoformes?

Assim como outros transtornos psicológicos, o somatoforme apresenta variedades distintas que impactam a vida dos pacientes. Conhecê-las é fundamental para fazer um atendimento que acolha suas necessidades e desenvolver uma escuta ativa dos sintomas e outros problemas.

Por isso, explicamos nos próximos tópicos os tipos mais comuns de transtornos somatoformes para você aprofundar seus conhecimentos e reconhecê-los com mais facilidade na clínica. Confira!

Transtorno hipocondríaco

O transtorno hipocondríaco é um dos mais estudados dentro da psicopatologia. Os principais sintomas são a preocupação ou medo de desenvolver doenças graves de forma rápida e progressiva. Assim, é esperado que o paciente tenha pensamentos catastróficos em relação à sua saúde.

Por exemplo, com uma simples dor de cabeça, a pessoa pode supor que é portadora de algum fenômeno incomum e grave, que vai alterar sua qualidade de vida ou mesmo levar à morte. Por isso o processo diagnóstico é longo e demanda um acompanhamento multidisciplinar.

Transtorno dismórfico corporal

As pressões sociais e estéticas provocam impactos significativos na saúde mental da população. Muitas pessoas com relações conflituosas com sua autoimagem podem desenvolver o transtorno dismórfico corporal e dificultar uma relação saudável com o seu corpo.

Esse transtorno tem sinais como o aumento de falhas imperceptíveis ou mesmo a visualização do corpo maior ou menor do que ele realmente é. Ainda, é comum encontrar pacientes que se fixam em detalhes como rugas, cabelo ou formato dos olhos, imaginando imperfeições que não existem.

Transtorno doloroso somatoforme persistente

Muitas pessoas com dores crônicas têm diagnósticos inconclusivos, sendo impossível relacionar uma causa para o problema. Isso pode ser um sinal do desenvolvimento do transtorno doloroso somatoforme persistente, que tem como queixa predominante uma dor grave e angustiante.

A falta de um diagnóstico médico pode aumentar o estresse relacionado à dor e dificultar o tratamento, já que poucas pessoas relacionam dores físicas a fatores psicológicos. Para tanto, é fundamental explicar para o paciente a existência do transtorno e utilizar técnicas para auxiliá-lo a lidar com a origem emocional das dores.

Transtorno neurovegetativo somatoforme

Por fim, o transtorno neurovegetativo somatoforme ocorre quando a pessoa atribui os sintomas a um problema somático de algum dos sistemas neurovegetativos, como cardiovascular, gastrointestinal, respiratório e/ou urogenital.

Assim, problemas como palpitações, transpiração ou ondas de calor são identificados como o hiperfuncionamento do sistema neurovegetativo. Além disso, o paciente pode apresentar queixas inespecíficas, como o sofrimento em si, sensações de queimação e peso no corpo ou aperto no peito — podendo inclusive se relacionar com o transtorno depressivo persistente.

Quais são as principais causas?

Assim como qualquer transtorno, seja de ordem física, seja de ordem emocional, o somatoforme tem causas importantes que impactam o dia a dia dos pacientes. Via de regra, existem dois fatores mais frequentes que dão início ao transtorno: a defesa subconsciente contra o estresse e o pensamento catastrófico.

No primeiro caso, o paciente cria estratégias disfuncionais de luta contra as situações estressoras, ocasionando consequências físicas no corpo que não podem ser estudadas pelos diagnósticos médicos. Por outro lado, o segundo caso aprofunda-se no desenvolvimento cognitivo e emocional desse cliente.

Aqui, ele cria uma série de pensamentos automáticos associados com a disfunção cognitiva catastrófica, que tende a aumentar a dificuldade das situações e/ou ter pensamentos e sentimentos mais relacionados ao pior cenário possível. Por isso o diagnóstico deve ser feito em conjunto com psiquiatras para garantir um bom acolhimento.

Percebe como conhecer sobre o transtorno somatoforme é fundamental para ampliar sua atuação clínica? Entendendo seu conceito e principais tipos, é possível diferenciá-lo dos movimentos somáticos e investir em técnicas que ajudam a diagnosticar o paciente corretamente, a fim de auxiliá-lo no processo terapêutico.

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