Transtornos de personalidade: quais os tipos e como diagnosticar?

1. Introdução

Transtornos de personalidade são condições com potencial de interferir de forma severa na saúde mental de uma pessoa. Eles são patologias psiquiátricas, que exigem acompanhamento próximo e regular.

Quando não são devidamente tratados, os transtornos de personalidade são capazes de afetar diversos aspectos importantes para um indivíduo, como a autopercepção, o desenvolvimento pessoal, os relacionamentos interpessoais, a vida profissional ou acadêmica, entre vários outros.

Por esse motivo, saber como fazer o diagnóstico e o acompanhamento de doenças que moldam a personalidade de uma pessoa é fundamental. Assim, neste material, trouxemos informações importantes sobre os transtornos de personalidade mais conhecidos e algumas dicas de como ajudar os pacientes. Acompanhe!

2. O que são transtornos de personalidade?

Personalidade abrange tudo aquilo que define os padrões de uma pessoa, no que diz respeito aos seus sentimentos, comportamentos e pensamentos. Além disso, exerce um forte efeito nas estratégias adotadas por um indivíduo para se adaptar a qualquer tipo de contexto.

Esses padrões são formados a partir da infância, por meio de influências genéticas, ambientais e sociais, porém, consolidam-se aproximadamente na adolescência. Apesar de não ser fixa, a personalidade molda diversas atitudes de uma pessoa, ajudando também na identificação.

No entanto, quando ocorre alguma interferência nesses mecanismos de comportamento, é necessário ter uma atenção maior. Afinal, uma das causas pode decorrer de transtornos que afetam a cognição e a forma como as pessoas se relacionam consigo mesmas, com outros indivíduos e com o ambiente. 

São esses casos que são chamados de transtornos de personalidade. Esse é o nome dado a um distúrbio de ordem psiquiátrica que é capaz de alterar padrões de comportamento e de pensamento de um indivíduo, de modo repetitivo e prejudicial ao bem-estar da própria pessoa e de seu ciclo social.

Esses tipos de transtornos podem ser classificados de três maneiras:

• excentricidade — manifestações de suspeita, indiferença e crenças disfuncionais, em excesso, podem ser provocadas por transtornos de personalidade;
• impulsividade — comportamentos autodestrutivos, violentos e ríspidos também podem ser sintomas desse tipo de distúrbio psiquiátrico;
• ansiedade — mecanismos de defesa, esquiva e reação podem também estar presentes em transtornos de personalidade.

Um dos principais traços desse tipo de distúrbio, que o difere dos outros transtornos e que merece atenção, é a permanência dos sintomas. Comportamentos e pensamentos disfuncionais podem surgir com frequência em outras patologias, mas ocorrem de maneira transitória.

3. Quais são os tipos de transtornos de personalidade?

Quer entender melhor como esses distúrbios psiquiátricos podem se manifestar? A seguir, confira os principais tipos de transtorno de personalidade e as suas características mais comuns!

3.1. Transtorno de personalidade antissocial

Esse transtorno é caracterizado pela dificuldade de manter relacionamentos com outras pessoas, sejam eles no âmbito familiar, profissional, de amizade ou amoroso. No entanto, os desafios são gerados, principalmente, pela falta de interesse, insensibilidade e irresponsabilidade ao lidar com indivíduos.

Por conta disso, é um transtorno que se relaciona à psicopatia e à sociopatia, e está dentro da categoria cuja impulsividade é uma das principais marcas. Associados a esse tipo de distúrbio estão os sintomas:

• falta de remorso ou de sentimento de culpa;
• desrespeito às normas, leis ou consensos sociais;
• indiferença ao sentimento alheio;
• tendência a reações violentas.

3.2. Transtorno de personalidade narcisista

A personalidade narcisista é outro tipo de transtorno sério e que afeta os relacionamentos interpessoais de um indivíduo, principalmente os familiares. Também se associa à segunda categoria, com tendência à impulsividade e dramaticidade.

Nesse caso, o principal traço de comportamento é o complexo de superioridade. Uma pessoa com transtorno narcisista se identifica como especial e acredita que merece um tratamento diferente por conta disso.

Consequentemente, essa autopercepção tende a gerar comportamentos de desprezo às necessidades e aos interesses alheios. A ambição por poder e sucesso também costuma estar presente nesse transtorno.

Muitas vezes, a necessidade de atenção é extrema, o que pode fazer com que sejam pessoas que tentam desesperadamente se destacar em grupos, ainda que, para isso, seja preciso causar desconforto a outras pessoas.

3.3. Transtorno de personalidade borderline

O borderline é mais um sério transtorno de personalidade caracterizado pelas mudanças rápidas de humor, de maneira muito intensa. Alguns casos, esse distúrbio pode ser confundido com o Transtorno Afetivo Bipolar. No entanto, sua principal diferença é a volatilidade e o vigor das variações de comportamento.

Além disso, a instabilidade no humor e na personalidade ocorre sem muitas razões aparentes. Contudo, o uso abusivo de substâncias químicas, como drogas e álcool, pode agravar o quadro.

O borderline está associado também à impulsividade, de modo que comportamentos autodestrutivos sejam bastante comuns entre os pacientes. A dependência química, o acúmulo de dívidas, o comportamento sexual desenfreado e a automutilação são exemplos das consequências negativas do transtorno.

Vale ressaltar que, após os comportamentos de ímpeto, surgem os sentimentos de vazio emocional, angústia e depressão. As variações de humor acontecem também de maneira frequente e consistente, quando o distúrbio não é devidamente tratado.

3.4. Transtorno de personalidade esquiva

Na categoria de transtornos de excentricidade ou comportamentos estranhos, está o de personalidade esquiva ou evitativa. Nesse caso, os pacientes têm a tendência de se autoprevenirem excessivamente, principalmente em interações sociais, a fim de evitar decepções e rejeição.

Consequentemente, o distúrbio traz consigo o costume de distanciamento social, timidez excessiva, assim como o medo irracional de críticas e de julgamentos. Essa insegurança pode provocar graves danos à vida pessoal e profissional de uma pessoa, tendo em vista que dificulta seriamente o estabelecimento de contato próximo com outros indivíduos.

3.5. Transtorno de personalidade dependente

Por outro lado, há o transtorno de personalidade dependente, que faz com que uma pessoa tenha não apenas a necessidade, como a compulsão de estar próxima de outros indivíduos, a fim de ter o sentimento de segurança e apoio emocional.

É importante destacar que a necessidade de contato social está presente em praticamente todas as pessoas. No entanto, nesse distúrbio, o que ocorre é uma disfuncionalidade nessa questão, de modo que a interação com um indivíduo se torne uma dependência, com aspectos semelhantes ao vício.

Alguns sintomas frequentes nesse tipo de transtorno são:

• medo de abandono;
• sensibilidade extrema às críticas;
• dificuldade de tomar decisões, principalmente em benefício próprio;
• apego excessivo a determinadas pessoas;
• medo irracional de passar muito tempo (minutos, horas ou dias) sem companhia.

3.6. Transtorno de personalidade esquizoide

Na personalidade esquizoide, a principal característica é o desinteresse em interações sociais e afetivas. Na realidade, trata-se de um transtorno que interfere na ideia de construção social, causando dificuldade para manter contato com outras pessoas.

Apatia, indiferença, insensibilidade e dificuldade de encontrar prazer em qualquer tipo de atividade são sinais que podem indicar a presença do distúrbio. A principal diferença da personalidade antissocial é a ausência de impulsividade e a tendência a reações violentas.

3.7. Transtorno de personalidade paranoide

O transtorno de personalidade paranoide é caracterizado pelo sentimento de perseguição e desconfiança. Pessoas com esse distúrbio se colocam frequentemente no estado de alerta em meio a pessoas e diferentes contextos, não conseguindo relaxar a mente sobre as possíveis ameaças.

Por conta disso, o medo de traição é frequente, fazendo com que evitem relações próximas com outros indivíduos. A irritabilidade e o acúmulo de rancor também se associam a esse transtorno.

3.8. Transtorno de personalidade esquizotípica

Há também a personalidade esquizotípica, que faz com que um indivíduo tenha uma visão da realidade diferente da maioria das pessoas. A excentricidade desse transtorno faz com que os pacientes tenham crenças disfuncionais, ilusões e falas atípicas. 

Superstições, ansiedade social, pensamentos não convencionais, entre outros sintomas excêntricos surgem com frequência nesse tipo de transtorno. Contudo, é importante ressaltar que ele se difere da esquizofrenia, que é outra patologia psiquiátrica.

4. Como diagnosticar?

O diagnóstico de um transtorno de personalidade, na maioria das vezes, não é simples e envolve uma série de investigações. Essa avaliação deve ser feita por um psiquiatra, mediante exames e análises dos sintomas.

Além disso, vale ressaltar que o diagnóstico não costuma ser realizado de maneira rápida, tendo em vista que o acompanhamento e a análise dos sinais apresentados pelo paciente envolvem tempo. Sendo assim, esse é um processo feito a longo prazo.

Muito disso ocorre por conta das características dos sintomas. Algumas reações podem estar vinculadas a outros tipos de transtornos e serem apenas transitórias. Para confirmar o diagnóstico como um distúrbio de personalidade, é preciso acompanhar para verificar a persistência dos sinais.

Mais um dos desafios de diagnosticar um transtorno de personalidade é a dificuldade de alguns pacientes identificarem que esses padrões atípicos são um problema. Muitas pessoas podem não se dar conta das mudanças ocorridas ou não as identificarem como algo que precisa de tratamento e acompanhamento.

Quando essas atitudes são identificadas, inclusive, a procura por um atendimento especializado pode não acontecer ou ser adiada por muito tempo. O apoio familiar e de uma rede de suporte para os pacientes com transtornos de personalidade faz toda a diferença nesse aspecto, a fim de evitar a negligência dos sintomas e dos prejuízos causados à qualidade de vida.

5. Como é o tratamento dos transtornos de personalidade?

O tratamento para distúrbios psiquiátricos, geralmente, envolve o uso de medicamentos por um determinado período. Intervenções farmacológicas ajudam a balancear as substâncias no cérebro, melhorando o funcionamento interno e regulando qualquer desequilíbrio.

No entanto, o uso de medicamentos só é realizado quando o psiquiatra que acompanha o caso faz a prescrição. Somente esse profissional está capacitado para estabelecer as doses e as classes medicamentosas adequadas para cada caso.

Ter uma rede de apoio também vai ajudar muito o indivíduo com algum dos transtornos de personalidade citados anteriormente. Familiares, amigos e conhecidos podem incentivar o tratamento e identificar comportamentos não usuais, ajudando também o próprio paciente a reconhecê-los.

Além disso, a psicoterapia é um dos pilares no tratamento desses transtornos. Por meio do acompanhamento por um profissional da Psicologia, o paciente é capaz de entender a origem e reconhecer a presença desses comportamentos e pensamentos atípicos.

Com terapias regulares, cuja frequência também será definida pelos profissionais que acompanham o quadro, o paciente pode desenvolver as próprias estratégias para lidar com os sintomas e as suas consequências no dia a dia. Desse modo, é interessante desenvolver autoconsciência, autocontrole e hábitos que ajudam a melhorar o bem-estar e a qualidade de vida.

Nesse contexto, a terapia cognitivo-comportamental faz toda a diferença. Nessa linha, o profissional e o paciente trabalham em conjunto para entender, solucionar e prevenir os desconfortos que os transtornos de personalidade podem causar.

Inclusive, esse é um dos objetos de estudo no curso de terapia cognitivo-comportamental do Cognitivo. Ao longo das aulas, é possível compreender melhor os aspectos envolvidos nesse distúrbio e os cuidados essenciais para auxiliar pacientes com o transtorno.

6. Conclusão

Como visto, transtornos de personalidade podem se manifestar de diferentes formas, sendo classificados de acordo com a natureza dos sintomas. Além disso, existem diversos tipos de distúrbios, cada um com características chave que ajudam na identificação.

O diagnóstico, por outro lado, é bastante complexo e envolve tempo para ser confirmado. Por esse motivo, o acompanhamento por uma rede de profissionais especializados é essencial e necessário durante todo o tratamento.

Por sua vez, o tratamento vai ser definido também de acordo com o quadro de cada paciente. A associação do uso de medicamentos com a psicoterapia é a prática mais comum, junto de hábitos que ajudam a promover mais saúde e bem-estar.

Especializar-se na área da terapia cognitivo-comportamental é uma excelente maneira de aprender mais sobre os mecanismos por trás dos transtornos de personalidade e ajudar no tratamento de pacientes com esse distúrbio. Desse modo, é possível criar estratégias para ajudá-los a restabelecer o bem-estar e a qualidade de vida.

7. Sobre o Cognitivo

O Cognitivo é uma instituição especializada em cursos de pós-graduação e especialização. Por isso, oferecem os seguintes cursos:

• Especialização em Psicoterapia Cognitiva;
• Especialização em TCC da Infância;
• Especialização em Terapia do Esquema;
• Formação em terapia cognitivo-comportamental.

O Cognitivo tem origem na atividade clínica de seus professores, que transportam para a sala de aula o conhecimento teórico associado à experiência prática de forma ética e profissional.

Além disso, o Corpo Docente Convidado do Cognitivo é constituído por professores de ampla atuação, como terapeutas cognitivo-comportamentais, oriundos de vários estados do país e vinculados às mais diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil e exterior.

O Cognitivo tem sede em Santa Maria (RS), mas conta com outras unidades no Sul, como Porto Alegre e Florianópolis, e em outras regiões do país. Venha conhecer e se especializar!