Entenda o que é a tripofobia e quais os possíveis tratamentos

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O conceito de fobia é bem conhecido entre os profissionais de Psicologia. O termo diz respeito a qualquer medo exagerado e/ou irracional, aversão ou intolerância diante de alguma situação. Mesmo que uma reação de medo ou aversão seja esperada de uma pessoa normal nas mesmas condições, a fobia é uma reação muito mais intensa. Uma boa forma de compreender isso é entender o que é tripofobia e como ela afeta um indivíduo.

Além de explicar melhor o conceito básico de fobia, falar sobre a tripofobia também pode ajudar a entender melhor como são feitos alguns tratamentos psicológicos. A terapia cognitivo-comportamental, ou TCC, por exemplo, é amplamente usada para lidar com esse tipo de transtorno, independentemente da idade ou condição do paciente.

Quer conhecer um pouco mais sobre a tripofobia, os seus efeitos e como pode ser feito o tratamento? Então, acompanhe o post!

Afinal, o que é tripofobia?

A palavra “tripofobia” vem dos termos gregos “trýpa”, que significa “buraco”, e “phobos”, que significa “medo”. Fazendo uma tradução literal, seria o “medo de buracos”, mas isso não é exatamente o que esse transtorno representa.

De forma mais específica, a tripofobia é o medo ou aversão a vários buracos, reentrâncias ou saliências aglomeradas em uma superfície. Você pode ver exemplos bem claros disso nos sintomas de doenças como a catapora, sarampo ou varíola, que geram várias protuberâncias e marcas na pele.

A princípio, é compreensível que alguém tenha aversão a essas imagens, especialmente no caso das doenças. Porém, a tripofobia se manifesta em várias outras situações. Por exemplo, uma pessoa com esse transtorno pode ter uma reação de aversão a uma colmeia, à língua de um cachorro, a uma série de tubos de plástico empilhados, entre outras coisas. O comportamento costuma ser bem mais intenso quando os buracos ou protuberâncias estão sobre a pele humana.

Os profissionais mais habilitados para lidar com esse tipo de situação são os psicólogos e os psiquiatras, sendo que cada um segue uma abordagem diferente. Os psiquiatras geralmente utilizam a prescrição de medicamentos para aliviar os sintomas e acompanham os efeitos positivos e negativos desses remédios no dia a dia dos pacientes. Já os psicólogos adotam uma aproximação baseada no diálogo, utilizando técnicas para desconstruir a fobia ou amenizar organicamente os seus efeitos.

Quais são os principais gatilhos para uma crise de tripofobia?

Um gatilho nada mais é do que um estímulo que faz com que um indivíduo comece a se recordar de uma lembrança ou sinta uma emoção intensa. No entanto, muitas pessoas se confundem, acreditando que ele é sempre algo ruim.

Na verdade, o gatilho pode acontecer de forma positiva, como ao se conectar com memórias afetivas felizes, ou negativa, como é o que acontece quando as pessoas que sofrem com tripofobia veem um padrão que traz agonia ou desconforto.

Entre os principais padrões que provocam gatilhos em uma pessoa com tripofobia e, consequentemente, podem resultar em uma crise, podemos citar:

  • favo de mel;
  • alguns animais com manchas padronizadas;
  • morango — principalmente quando é dado zoom nas sementes;
  • padrões geométricos — até mesmo o formato das câmeras do iPhone 11 Pro pode trazer incômodo;
  • corais;
  • semente de frutas como lótus e romã;
  • cabeças de alho;
  • estampas de roupas ou papéis de parede com padronagens circulares, como olhos.

Quais são os seus impactos negativos na vida do paciente?

Ao entender o que é tripofobia, você já deve imaginar alguns dos possíveis impactos que esse transtorno pode ter no dia a dia de uma pessoa. Porém, apesar de ser um termo bastante difundido, ainda há dúvidas se essa é, ou não, uma fobia real.

Por definição, qualquer fobia é direcionada a um objeto ou situação específica, o que se encaixa em “ver um aglomerado de buracos”. Contudo, ela também é caracterizada por uma reação abrupta e incontrolável, que pode ir contra outros pensamentos racionais ou instintos de preservação. Em muitos casos, a tripofobia se manifesta como um desconforto intenso, mas não leva a uma reação de fuga imediata.

Além disso, de acordo com os pesquisadores Arnold Wilkins e Geoff Cole, essa aversão pode ser uma característica herdada pela evolução. A imagem de saliências aglomeradas é bem semelhante a vermes ou carne apodrecida, duas coisas que devem ser evitadas pelo risco de doenças e envenenamento.

Independentemente disso, há muitas pessoas que alegam sofrer de tripofobia e ter sua vida atrapalhada pela doença, sendo necessário realizar o tratamento. Dependendo dos sintomas relacionados, ela pode ser identificada como uma fobia verdadeira.

Como a tripofobia é identificada?

Além de saber o que é tripofobia, é importante entender como identificar os seus sinais. Obviamente, uma pessoa comum não pode dar um diagnóstico definitivo a respeito. Um psicólogo deve conhecer esses sintomas, saber como identificá-los e distinguir qual é o melhor tratamento.

Alguns dos principais sintomas aos quais você deve se atentar enquanto o paciente está exposto ao objeto da fobia são:

  • angústia;
  • arrepios;
  • choro;
  • coceira e formigamento pelo corpo;
  • desconforto;
  • enjoo;
  • fadiga ocular, distorções ou ilusões;
  • mãos úmidas;
  • necessidade de friccionar as mãos na pele;
  • repulsa;
  • suor;
  • taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos);
  • tremores.

Quando o paciente reporta algum desses sinais no dia a dia, é indício de que ele tem essa fobia e precisa de apoio. Por não constar ainda no DSM, o manual de diagnósticos médicos, a tripofobia pode não ser identificada oficialmente. No entanto, ainda pode ser notada como fonte de angústia, dando início a um tratamento.

Como as mudanças de hábito podem amenizar as crises?

O transtorno de tripofobia pode acarretar mudanças bruscas de humor e crises de ansiedade. Desse modo, existem alguns hábitos que podem ser adotados para minimizar os efeitos dessas consequências e, assim, ajudar a ter crises mais amenas.

Ao unir um estilo de vida saudável (com hábitos que ajudam a controlar a flutuação de humor e a ansiedade excessiva) e o tratamento realizado em consultório, é possível ter resultados mais satisfatórios no acompanhamento da tripofobia. A seguir, vamos listar alguns deles. Confira!

Fim do uso de substâncias psicoativas

As substâncias psicoativas são aquelas que conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica do cérebro e modular reações no órgão, proporcionando mudanças fisiológicas, sensoriais e de comportamento.

Por causa disso, algumas emoções podem ser mais intensas quando uma pessoa está sob o efeito de substâncias psicoativas. Para quem convive com o transtorno de tripofobia, isso é ainda mais perigoso, pois pode causar crises mais graves.

Dessa maneira, orientar os pacientes sobre os danos que o uso de drogas, álcool e até mesmo o tabaco pode trazer à vida deles é uma maneira de ajudá-los no tratamento da tripofobia.

Meditação

A meditação é uma prática que tem sido cada vez mais incentivada, principalmente para as pessoas que sofrem de transtornos de ansiedade. Ela ajuda na regulação emocional, no controle do estresse e de sentimentos intensos, no autoconhecimento e no foco.

Existem diversos tipos de meditação, e orientar o paciente para que ele pratique até que encontre o modelo que mais ajuda a reduzir a ansiedade no dia a dia é uma excelente forma de amenizar as crises de tripofobia.

Prática de yoga

O yoga, assim como a meditação, é uma prática milenar que ajuda a trazer mais harmonia entre as emoções e o corpo. Ao sincronizar movimentos com a respiração, é possível prestar mais atenção nos próprios pensamentos, conhecer-se melhor e também ter um maior controle emocional.

Tanto a meditação quanto o yoga agem de forma benéfica na vida de uma pessoa com tripofobia, ajudando-a a se manter mais calma no cotidiano e a descobrir como lidar com sentimentos intensos.

Como a terapia cognitivo-comportamental trata a tripofobia?

A TCC é uma das abordagens psicológicas mais utilizadas hoje em dia no tratamento desse tipo de transtorno, pois ela se baseia na mudança do comportamento, buscando quebrar padrões de atuação que tenham efeitos negativos na forma como o indivíduo atua no dia a dia. Para isso, são utilizadas técnicas que ajudam o paciente a controlar as suas próprias reações — ou que permitem lidar com a ansiedade provocada pela fobia.

Se você trabalha nessa linha, sabe que essa forma de terapia lida com diversos transtornos, incluindo fobias, ansiedade e depressão. Também é uma boa opção para lidar com momentos negativos da vida, como separação, traumas, luto ou dificuldades para se relacionar.

Terapia de exposição

O método mais utilizado na TCC para o tratamento de fobias em geral é a chamada “terapia de exposição”. Como o nome já deixa a entender, ela utiliza a exposição do sujeito à causa do seu transtorno como forma de tratamento, algo que você já deve ter praticado em algum momento.

Durante o processo, o paciente tenta se aproximar do objeto de diferentes formas, falando sobre ele, imaginando-o e, eventualmente, tendo contato direto. A ideia é que, conforme ele vai se acostumando com a causa de sua fobia, seja possível para o psicólogo reeducá-lo, o que mudará as suas reações em relação ao objeto e permitirá uma vida mais saudável.

Agora que você entende melhor o que é tripofobia, os seus sintomas e como a terapia cognitivo-comportamental pode atuar no seu tratamento, vale ressaltar a importância de ter atenção aos sinais característicos desse transtorno ao atender os pacientes.

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